sexta-feira, 12 de junho de 2009

Testamento



No dia que eu me for embora desse mundo
já vi que eu vou do mesmo jeito que eu cheguei
sem nada nem pra mim nem pra dar pra ninguém
só se for esse carrinho
que é que nem se fosse eu mesmo
de caçamba roda e puxador
e mais o que fazer, que isso tem.
Saudade vai dar é do pessoal da rua
na hora de parar pra fumar um cigarro
e a cidade que eu já fui pra tudo que é lado
de chinelo havaiana no pé
catando garrafa latinha de alumínio
madeira de obra caixa de papelão
que é o jeito que eu tenho de ganhar essa vida.
O resto você pode fazer o que quiser
que seja o que for pra mim não tem diferença.

Júlio Versolato

Um comentário:

  1. julio? só pra constar... tem alguma semlhança com Mário de Andrade? Interressante esta idéia do pós morte. Aliás, vc me deu um baile pra ler seu poema, a intenção é que o leitor estabeleça um ritmo ao lê-lo?
    interessante.

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